Carta aberta de Lobão 2/2

Créditos da imagem:  Disponível em: http://www.jb.com.br/fotos-e-videos/galeria/2015/10/30/lobao-faz-show-sem-filtro-na-miranda/ Acesso em: 04 de Abr 2016

Quem usa as ferramentas de blog, sabe que o link para as matérias postadas no blog repetem o título da matéria. Nesta Segunda Carta o Link do UOL aponta para:

Em nova carta do Lobão chama Chico, Gil e Caetano de grupo de parasitas

o que difere totalmente do título impresso da matéria.

Li duas vezes o texto do Lobão e não encontrei o trecho onde o músico faz o alegado xingamento de “parasitas” ao Gil, Caetano e Chico, conforme aparece no link do UOL para a matéria. Logo, só posso concluir que foi má fé do portal, que tanto tem batalhado para defender a quadrilha que se apossou da República brasileira.

O Lobão, devido a ter uma inteligência privilegiada, não se sujeita aos absurdos que identifica no seu meio profissional, por isso é o “enfant terrible” da MPB e tem muitas atitudes polêmicas, mas nesta Carta está a pedir justiça e a tentar defender os interesses da classe artística e não de uma minoria de artistas globais com nome e fama consolidados.

É lamentável que o UOL, ao defender uma ideologia/religião totalitária se preste a este papel. Papel que já ficou mais do que claro para todos os que têm acompanhado o desastre que acontece na política brasileira, em que os donos do poder não medem esforços para defender os seus “eleitos” agindo no sentido de amordaçar quem clama por justiça.

Brilhante como sempre, Lobão coloca na boca de Chico Buarque o pedido de desculpas que nós, das gerações passadas que o cultuamos como mártir e perseguido, gostaríamos de ouvi-lo pedir.


Atualização 04/04/2016 – 14:15

O Dia, jornal do Rio de Janeiro, volta a reproduzir a mentira divulgada pelo UOL. Embora seja mais cuidadoso em não afirmar que Lobão chamou diretamente as pessoas de Gil, Cetano e Chico de parasitas, escolhe uma redação que conduz o leitor à mesma conclusão:

Lobão volta a detonar Caetano, Chico e Gil em nova carta: ‘Parasitas’

Fonte: Jornal o Dia
Título: Lobão volta a detonar Caetano, Chico e Gil em nova carta: ‘Parasitas’
Disponível em: http://odia.ig.com.br/diversao/celebridades/2016-04-04/lobao-volta-a-detonar-caetano-chico-e-gil-em-nova-carta-parasitas.html
Acesso em: 04 Abr 2016

Mas, um pouco mais honesto que o UOL, reproduz o trecho da carta junto com a manchete difamante:

No entanto, no novo material enviado à rádio ‘Jovem Pan’, Lobão voltou a detonar os colegas de profissão. Uma das principais críticas foi direcionada à Lei Rouanet. ‘Foi aí inaugurada a era em que artistas consagrados com grande nicho de público e mercado, começaram a pautar seus eventos, shows, projetos, discos e DVD por intermédio de subvenção de incentivos hospedados no bojo dessa lei , transformando o mainstream cultural num antro de parasitas, chapas-brancas e castrados de opiniões confiáveis. Essa lei proporcionou que a criação artística decrescesse a níveis alarmante”, escreveu.’

Não acredito que tenha sido analfabetismo funcional que tenha levado os jornalistas dos dois sites a focar a notícia da mesma maneira. Reproduzo o trecho citado e pergunto a quem estiver lendo, em que lugar Gil, Caetano e Chico são chamados de “parasitas“?

“… por intermédio de subvenção de incentivos hospedados no bojo dessa lei , transformando o mainstream cultural num antro de parasitas, chapas-brancas e castrados de opiniões confiáveis. Essa lei proporcionou que …”

O texto, obviamente acusa a Lei Rouanet e não os compositores citados, de ter criado, entre outros, “…um antro de parasitas”.

Segue, que segue, o excelente texto da carta de Lobão!


Caros amigos,

Há uma semana escrevi uma carta aberta a vocês e, como já poderia prever, não houve nenhum sinal significativo de resposta.

Saliento comovido e contente o meigo e solitário depoimento de Gil ao aceitar as minhas desculpas. Contudo, se Gil se dispusesse a ler o texto com atenção constataria que o cerne da questão gira em torno de um outro intento: uma convocação.

Chico deixou bem claro que sequer se interessara em ler a mensagem quanto mais respondê-la e Caetano adotou uma atitude evasiva eximindo-se de qualquer manifestação a respeito.

Pois bem, apesar desse comportamento um tanto lacônico por parte de vocês três, sou forçado a constatar que a carta causou um forte impacto entre oposicionistas, governistas, populares, isentões e intelectuais dos mais variados sexos, feitios e tamanhos. Reações que variaram entre o rejúbilo, o amor, a compreensão do meu gesto (era essa a minha meta), e o repúdio, a indignação e o desprezo (para o meu espanto!) sendo que nessa segunda categoria de reações descontroladamente apaixonadas, expressaram seu veemente protesto, tanto alguns muitos oposicionistas me criticando por ter “amarelado” diante de “artistas vendidos”, como governistas explodindo de indignação por acharem o cúmulo dos cúmulos um nada como eu pleitear uma conversa com o Olimpo “da nossa MPB”.

A que ponto chegamos, não é verdade? Entretanto, nutrido pelos sinceros sentimentos que me guiam somados a uma necessidade premente de esclarecimentos e mudanças, não somente na mentalidade como também nos desígnios políticos em que se enredou a nossa classe, retorno ao teclado do computador para redigir-vos mais um insistente apelo.

Optarei, como recurso didático e adequado para essa ocasião, adotar a abstrata condição de nada. Portanto, a partir de agora, me apresentarei assim: Muito prazer, meu nome é Nada.

Ser Nada muito me convém para que meus motivos se ergam das névoas da dúvida. Ser o Sub do Mundo é uma condição que muito me convém para ser mais bem sucedido em mostrar a vocês três os absurdos, discrepâncias e cacoetes comportamentais que doravante exporei.

Vou dividir meu carinhoso pito em duas partes: a primeira caberá a Caetano e Gil, a segunda a Chico. Prossigamos.

Querido Gil, você ocupou o cargo de ministro da Cultura durante os oito anos da administração Lula e prossegue, na administração Dilma com forte penetração no ministério, pois o atual ministro Juca Ferreira é homem de sua inteira confiança tendo atuado como seu subordinado no tempo em que você foi o titular da pasta. Não sei se é apenas uma estranha coincidência, mas foi exatamente durante todo esse período que as perversidades e aberrações da Lei Rouanet começaram a pulular em total descontrole. Foi aí inaugurada a era em que artistas consagrados com grande nicho de público e mercado, começaram a pautar seus eventos, shows, projetos, discos e DVD por intermédio de subvenção de incentivos hospedados no bojo dessa lei , transformando o mainstream cultural num antro de parasitas, chapas-brancas e castrados de opiniões confiáveis.

Essa lei proporcionou que a criação artística decrescesse a níveis alarmantes, pois os tais editais dos quais se extrai a grana dos medalhões privilegiam as enfadonhas comemorações de aniversários de carreira, reuniões insólitas entre aristas improváveis, homenagens pouco sinceras a astros falecidos, festas sem algum sentido real de se comemorar e outras chicanas lamentáveis para justificar o uso do dinheiro público.

Para piorar a situação, como se isso só não bastasse, esse grupo de parasitas passa a atuar como um grupo de ardentes defensores do governo. É a Era do Artista Chapa-Branca. Uma era a ser esquecida.

Imagine você, Gil, faça um exercício de alteridade e experimente o meu espanto em saber um ministro da Cultura ter um camarote no carnaval de Bahia subvencionado com uma grana possante da lei Rouanet! Isso, definitivamente não é bonito. E para agravar a situação, é de se prever que artistas periféricos sem a metade de seu talento se estimulem e muito em se lambuzar nesse mesmo estilo sem o menor prurido de consciência, não é mesmo?

Quanto a você, Caetano, pilotando uma outra desastrosa escaramuça temos o Procure Saber capitaneado por sua esposa, arregimentando algumas dezenas de artistas a impor goela abaixo, a toque de caixa, uma lei absurda que estatiza os direitos autorais aprovada com uma celeridade inexplicável extraída dos parlamentares diante daquele decadente espetáculo no Congresso Nacional protagonizado por nada mais nada menos que Roberto Carlos cercado de uma plêiade de artistas circunstantes. Roberto que aceitou ser anexado ao grupo em troca de vossas presenças, Caetano Gil e Chico na defesa a censura das biografias não autorizadas.

Isso também não é bonito.

E o resultado disso? Se vocês ainda não sabem, procurem saber! A lei que estatiza os direitos autorais designando ao ministério da Cultura o controle das entidades de arrecadação, provocou um decréscimo dramático na arrecadação de mais de 350mil autores, compositores e músicos em todo o Brasil. Sem falar das demissões em massa de funcionários no ECAD e nas Associações de músicos e compositores.

Eu tenho aqui comigo os dados e se vocês tiverem maior interesse, posso mostrá-los com mais detalhes assim que vocês o desejarem.

E é como Nada que me dirijo a vocês, como um anônimo entre esses autores e músicos que tocam nos bares, botequins, churrascarias, quermesses, puteiros e coretos, como par desses artistas que estão apartados de grandes eventos, que não têm acesso a leis de incentivos, que não são residentes de trilhas de novelas de grande emissoras, que não contam com o beneplácito das editorias de cultura dos jornais… É como um Nada amalgamado àqueles que não fazem parte de cortes de subservientes a posar como um entorno cenográfico de coronéis da canção que profiro um apelo angustiado: Seria plausível vocês reverem suas posições quanto a essa lei de direitos autorais e nos ajudar a revogá-la? Ainda é tempo. O STF está analisando nosso pedido de revisão e o relator é o Ministro Fux. Seria lindo nos aliarmos nesse momento de tamanha gravidade. Seria mais lindo ainda derrubar a Lei Rouanet como vigora e tentarmos direcionar seus benefícios àqueles que realmente dela precisam (Sou o Nada mas, mesmo nessa hipótese continuaria
a não me incluir como beneficiário).

Seria muito triste vocês, que tanto fizeram pela música e a cultura brasileiras, se resumissem, se reduzissem já entrados nos seus setenta anos, como ícones de uma era vergonhosa, como defensores de um governo execrável, incompetente, corrupto, criminoso. É disso que estou falando. Ainda há tempo! Só o perdão liberta! Posso dizer de coração, uma vez que vim a público vos pedir o meu. O arrependimento lhes concederá uma verdadeira bênção, podem crer.

Chico, te deixei por último, longe de ser o menos, pois hei de fazer aqui uma ressalva em sua defesa por ter sabido através de uma amiga em comum ser você contrário a utilizar pessoalmente da Lei Rouanet e perceber, até onde posso conceber o que é justiça, não ser você responsável por aparentados seus nem mesmo o diretor que fez um filme sobre sua obra, todos estes, maiores de idade, serem beneficiários dos incentivos da dita-cuja. Se isso realmente procede, preciso dar-lhe meus parabéns “localizados”.

Localizados sim, pois gostaria muito de ampliá-los ao resto de sua conduta, no entanto é na clave da tristeza e da angústia o diapasão que domina todo o restante da minha mensagem.

Caro Chico, você já tem 50 anos de vida pública, pelo menos. Com a sua inteligência e talento é de assustar sua impermeabilidade diante da falência absoluta de suas crenças ideológicas. E por isso mesmo, um exemplo vivo do modelo do intelectual brasileiro a viver na infâmia da delinquência intelectual.

Se todos nós concordamos que toda a ditadura é algo injustificável, mais injustificável ainda atacar uma ditadura defendendo outra e é exatamente assim que você agiu no período da ditadura militar e vem assim se jactando imune a dúvidas no transcorrer de todas essas décadas.

Para deixar escancarada a minha angústia, gostaria de invocar um Nelson Rodrigues descendo do céu em que atualmente habita, com seu olhar sampaco, suas bochechas ondulantes, com as mãos apoiadas nos cotovelos a dirigir-lhe entre baforadas de Caporal Amarelinho uma súplica daquelas, rodrigueanas… algo como: Chico Buarque, só o perdão liberta! Encha de ar vossos pulmões e brade forte e alto como jamais outrora ousara bradar dirigindo-se contrito ao povo brasileiro: Povo brasileiro, me perdoe. Me perdoe por ignorar seu descontentamento, suas desgraças e sua legitimidade em protestar contra esse governo criminoso. Me perdoe por aviltá-lo chamando de golpista toda uma nação genuinamente enfurecida.

Me perdoe povo brasileiro por ser um charlatão em posar contra uma ditadura militar e ser amigo durante todos esses anos de um dos maiores ditadores genocidas da história, Fidel Castro.

Me perdoe, povo brasileiro por defender o indefensável, por interferir com o meu prestígio logrando a confiança que milhões de brasileiros depositaram em meu chamado, por defender uma presidente que beira a demência, por defender um psicopata que anseia se perpetuar no poder através do crime, do suborno e da falcatrua. Me perdoe, povo brasileiro por defender uma organização criminosa como nunca dantes na história da humanidade ocorreu aqui em terras brasileiras e que é dirigida pelo Foro de SP tendo como os irmãos Castro centro de todas as ações criminosas perpetradas em toda América Latina. Me perdoe por ser leniente com narco ditaduras como a Venezuela e a Bolívia, com seus milhares de assassinatos e presos políticos, por esse regime brega, retrógrado, autoritário e cafona que é o bolivarianismo.

Me perdoe, povo brasileiro por ser cúmplice de toda essa ignomínia, e por isso mesmo, carregar minhas mãos respingadas com o sangue desses incontáveis que tombaram sob o jugo de assassinos. Me perdoe, povo brasileiro por ser eu, um mimado por uma corte de intelectuais flácidos ao meu redor me tornando imune a qualquer drama de consciência e insistir em subscrever um ideário comunista que tem sob seu manto a opacidade dos medíocres, cujo o único brilho que emana de seus anseios é o da inveja, da revanche e do ódio. Enfim, povo brasileiro, me perdoe por te trair”.

Desincorporando Nelson e retornando a minha condição de Nada, de Sub-do-Mundo quero terminar essa carta ressaltando mais uma vez esse momento terrível que o Brasil está passando , as nossas responsabilidades diante desse momento e de nossa boa vontade independente de quais lados nos posicionemos, esperando que as linhas desse Nada que vos escreve possam fazer alguma diferença (para melhor) nesse impasse a nos envolver. E que elas tenham alguma chance real com a vossa determinante ajuda, em contribuir para um Brasil mais adulto, mais justo e mais unido.

Um forte abraço. LOVE , LOVE , LOVE

Lobão (SP, 3 de abril de 2016)

Fonte: Página da Jovem Pan no UOL
Título: Confira com exclusividade a nova carta de Lobão para Chico, Gil e Caetano
Disponivel em: http://jovempan.uol.com.br/noticias/brasil/politica/em-nova-carta-lobao-chama-chico-gil-e-caetano-de-grupo-de-parasitas.html
Acesso em: 4 Abr 2016

Carta aberta de Lobão – 1/2

Créditos da imagem:  Disponível em: http://www.jb.com.br/fotos-e-videos/galeria/2015/10/30/lobao-faz-show-sem-filtro-na-miranda/ Acesso em: 04 de Abr 2016

Carta Aberta para Caetano, Gil e Chico

Caros amigos ,
Decidi escrever uma carta aberta a vocês por inúmeros motivos, mas confesso que dentre todos esses tais motivos que me moveram ,estava lá ,para minha surpresa, no fundo do meu peito a me gritar, o maior e mais importante deles todos: O meu amor por vocês.

Não poderia haver momento mais emblemático, um domingo de Páscoa, me permitir( não sem alguma resistência) ser flagrado em minhas próprias contradições.

Pois bem: na madrugada de hoje ,tomei fôlego e sintonizei o programa do Serginho Groissmann no intuito(um tanto beligerante) de verificar as declarações do Caetano que vazaram na imprensa sobre as passeatas, a situação política etc e tal, imaginando colher não somente o que foi dito, mas como foi dito ,gesticulado e contextualizado.

Até então, o clima era de afiar unhas e dentes.

Contudo, algo muito possante tomou conta de mim, uma força estranha foi me conduzindo para áreas da minha memória afetiva e quando dei por mim, estava lá eu olhando para a TV inundado de carinho e amor , com um enorme sentimento de parentesco por aquelas duas figuras( Caetano e Gil) que há tantos anos venho me digladiando e divergindo.

Essa tal força estranha também dragou uma outra figura, na tela ausente, para a ribalta do meu coração, o Chico .

E a partir daquele instante me vi numa tremenda sinuca de bico:

Se estou eu, lutando pela verdade dos fatos, por alguma razoabilidade nos gestos, por justiça, honestidade intelectual, tolerância e entendimento, cabe a mim adotar esse rigor, antes de mais nada, a mim mesmo e por isso mesmo venho a público pedir minhas desculpas por ter sido durante todos esses anos ,desonesto a diminuir o talento de vocês três por pura birra, competição, autoafirmação ou até, vá lá, uma discordância genuína quanto a princípios ideológicos ,políticos e metodológicos.

Vocês três fazem parte, queira eu ou não, do meu DNA artístico e afetivo, do meu imaginário poético e são sim, artistas muito fora da curva ,tanto na excelência das canções com na criatividade ,na beleza e na inspiração de seus versos. Portanto, peço humildemente o perdão de vocês, Caetano ,Gil e Chico.

Sendo assim, desde então , livre para vos amar ,admirar e respeitar, voltemos à vaca fria, a esse momento grave de colapso de governo ,de ódio generalizado entre os brasileiros.

Caetano ,me corrija se eu estiver errado, mas ao observar seu posicionamento sobre as passeatas e os movimentos sociais notei na sua mímica( mais até no que você dizia)uma angústia cravada de dúvidas em relação a essa torrente de acontecimentos insólitos, surpreendentes a nos deixar atônitos e desnorteados. E havemos de acrescer de mais angústia ainda ao contabilizá-la, uma vez que o programa já havia sido gravado duas semanas antes! Ou seja, há priscas eras ,quando nossas preocupações ainda eram criancinhas de pré primário diante das atuais!
E a grande preocupação atual é o fato de todos nós sermos forçados a concordar sem a menor sombra de dúvida que esse governo já não vigora mais como tal , que ele mesmo se deliquesceu no esplendor duvidoso de sua ruína moral, arrastado para a seara da pura e simples criminalidade e que será necessário de agora em diante muita serenidade ,sabedoria e união de todos nós para recomeçar tudo de novo.
A minha proposta é simples e singela: nos concedermos a oportunidade de revermos nossos pontos de vista ,nossas metas, de conversarmos como pessoas crescidas que estão nessa luta por um Brasil mais justo, cada um a sua maneira, com toda disposição de melhorar as condições do país em todos os sentidos. Começaríamos, como não poderia deixar de ser, pela nossa classe que tanto precisa ser reavaliada, repensada e reorganizada não somente entre as nossas relações pessoais enquanto colegas mas como também nas políticas culturais.( ou não)
Quem sabe ,nesse momento sombrio esteja, justamente a nossa brecha cósmica de mudanças de paradigmas nefastos tão profundamente enraizados em nossas almas, em nosso imaginário e principalmente ,em nossa forma de agir.

E que ironia do destino, numa data tão emblemática como esses idos de março, num fechamento de ciclo iniciado em 64 que se prenuncia ameaçador latejando em nossos corações como uma tempestade a nos colher de hora marcada ,seja agora o instante de rechaçarmos de vez essa tenebrosa repetição de padrão que nos condenaria para todo o sempre a criaturas imunes aos efeitos da tentativa e erro.

Está em nossas mãos ,enquanto artistas sempre com forte penetração no coração da alma brasileira, não permitir que sejamos reféns de nossa inépcia, de nossas paixões, dos nossos cacoetes e de nossa vaidade.

Quem sabe ,nessa hora das mais escuras, seja esse o momento de erradicarmos para sempre aquelas vicissitudes mesquinhas do que ( não) entendemos por esquerda e direita, sobre o que é desigualdade e quais suas causas em suas mazelas reais? Quem sabe ,tenha chegado o esperado momento em que finalmente deixemos de ser essa província de terrores brandos e esmaecidos por nossa fantasia delirante de teimar ser um povo macunaimicamente escolhido nos condenando ao parasitismo, ao clientelismo, ao coronelato e a ideólogos cretinos a nos conduzir por toda eternidade?

Quem sabe seja nessa hora amarga de desmoronamentos de sonhos e anseios, o terreno mais fértil para nos ouvirmos e nos desfrutarmos com mais proveito ,com mais sabor e daí surgir um oceano de novas revelações?

Portanto, meus caros amigos, clamo a vocês ,de todo o coração, para que conversemos, discutamos, discordemos que seja, mas encaremos essa crise com determinação e confiança em cada um de nós, para que possamos descortinar novos horizontes com a real possibilidade da elaboração de novas formas de pensar e agir para fazer valer a pena tantas décadas de erros infantis, sempre com a certeza de sermos homens de boa vontade, que sob os mais variados vieses de pensamento ,queremos mais justiça, mais fartura, mais amor, progresso a paz nessa terra tão devastada por paixões e cacoetes infrutíferos .

A hora é essa, meus caros amigos, recebam pois o meu amor ,meu carinho e respeito convictos de que haverá em mim uma criatura plena de vontade de cooperar com humildade e dedicação por um Brasil melhor e que não há razão nem espaço para conflitos ,convulsões sociais nem revoluções .Nossa transformação será através do crédito moral, do afeto e dessa nova aliança que, tenho fé, permeará esse novo e maravilhoso Brasil que se vislumbra. Topam?

Um beijo pra vocês três. Love ,Love, Love !
Lobão(Sp.27 de março de 2016)

Fonte: Página do Facebook de Lobão, o legítimo
Disponivel em: https://www.facebook.com/Lobaooficial/posts/992295540853782
Acesso em: 4 Abr 2016