A USP, os Depredadores e a Opinião Pública

REINTEGRAÇÃO DE POSSE NA USP.

Crédito da foto: Depredação na Reitoria da USP / Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo
publicada em: http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2013/11/13/usp-depredada-instituto-invadido-violencia-sem-limite/
Acesso em: 18/11/13

Carta aberta aos estudantes da USP

Disponível em: http://www.observadorpolitico.org.br/2013/11/carta-aberta-aos-estudantes-da-usp/
Acesso em: 18/11/13

No recente episódio de ocupação e desocupação da reitoria da Universidade de São Paulo, ocorreu um crime, por assim dizer, inafiançável: a depredação da sede de nosso Instituto de Estudos Avançados.

O IEA tem autonomia, não pertence à reitoria, embora esteja provisoriamente no mesmo edifício. Ainda assim, foi objeto de uma das mais indevidas e abjetas ocupações pseudouniversitárias de que se tem notícia no último meio século. Conseguiram, os predadores, perpetrar façanha ainda maior do que uma outra, também inesquecível, que ocorreu durante o regime militar.

Com efeito, na manhã da segunda-feira passada e nos dias seguintes, fomos tomando ciência do que ocorrera ao recebermos fotos e depoimentos que davam conta da barbárie. Ou seja, da depredação brutal e boçal da sede do IEA, após invasão indevida e festim descabido.

Podemos entender que manifestações estudantis, e mesmo de funcionários e professores, sempre fizeram parte da vida universitária. E que, agora, no compasso das manifestações sociais de insatisfação com os rumos da República, movimentos vêm adquirindo novos contornos, inclusive com os “black blocs” e o uso de metodologias que evocam os inícios de regimes fascistas.

O que não se pode conceber é que o movimento estudantil tenha permitido transbordamentos inconfessáveis como o ocorrido recentemente, com a depredação de nossas instalações no campus, levando de roldão computadores e documentos, arrombando portas, pichando e até furando paredes e estragando material de longas e cuidadosas reuniões. O prejuízo é incalculável. E mais: trata-se de ação criminosa, nem mais nem menos.

Incalculável é também o dano moral e psicológico que nos causou a devastação de salas de pesquisadores consagrados, como a do professor Aziz Ab’Saber. Não apenas esta, mas todas as nossas instalações foram visitadas pelos meliantes, digo, estudantes, inclusive o anfiteatro onde realizamos conferências abertas ao público, gratuitamente!

Como se sabe, trata-se de uma sede provisória, já precária “per se”, pois fomos “mudados”, sem consulta prévia, de nosso “locus” original do prédio da reitoria velha, enquanto aguardamos a lenta, muito lenta construção do novo.

É chegada a hora de se perguntar aos estudantes o que se pretendeu com tal barbarização. Protestar contra o reitor? Contra o processo eleitoral? Contra o IEA e suas multifacetadas linhas de reflexão, pesquisa e socialização do conhecimento?

Outras perguntas deverão ser feitas, e nós as faremos a vocês, passado este duro e constrangedor momento. Que tipo de formação tiveram? O que aprenderam em suas casas, escolas e faculdades? Que sistema universitário pretendem implantar? E o nosso IEA, em que precisamente ele os incomoda?

Note-se que temos trazido para seus quadros e seus embates muitos intelectuais, do porte de Milton Santos, Aníbal Quijano, Jacob Gorender, Raymundo Faoro, Eric Hobsbawm, Moreno Fraginals, Mayana Zatz, Boaventura de Sousa Santos e Leyla Perrone-Moisés.

Agora, porém, caros estudantes, o problema tornou-se mais grave. E dirijo-me à banda não podre do alunado, que também deve assumir suas responsabilidades em episódios altamente delituosos. Pois buliram não com um vespeiro, mas com a própria colmeia, onde se dá e se aprimora a produção e a crítica, habitada por abelhas bravias.

Nosso IEA é independente, mas não é neutro, e não vamos tolerar esse padrão concessivo e “liberal” com o qual a USP, o Estado e a República estão empapados. Iremos apurar até o fim as responsabilidades por tais atos eivados de vandalismo boçal. E efetuar as devidas punições com mão forte, para o que contamos com os poderes constituídos, que andaram fraquejando demais, e com o firme apoio da comunidade científico-cultural, nacional e internacional.

Quanto ao atual reitor, sugere-se sua renúncia imediata, por incompetente.

CARLOS GUILHERME MOTA, 74, é professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Foi o primeiro diretor do Instituto de Estudos Avançados (gestão Goldemberg)

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Sobre Carta aberta aos estudantes da USP
Publicado no Facebook em 18 novembro 2013

Troca de mensagens:
COMENTARISTA 01
Acompanhei isso de perto. Até por viver USP no meu dia a dia. As noites sempre eram recheadas de drogas, brigas, e música. Muita gente e fora da USP no movimento incluindo ai os partidos odiosos (PCO, POR entre outros…) e o maldito SINTUSP. Um saco. É claro, mais uma vez termina sem nenhuma mudança até porque não havia objetivo claro. Gritar fora PM pra ter liberdade para fumar maconha aqui dentro, mais do que já se fuma, é pouco. O que sobra é sempre o mesmo: Tudo quebrado, fogueiras com móveis, pichações, roubo de patrimônio entre outras coisas lindas. Isso porque uma minoria de puxa fumo da FFLCH acha que pode mandar na vontade dos mais de 300 mil alunos da USP. Que mudanças são necessárias é verdade, mas não é desta forma que elas seguirão.

COMENTARISTA 02
Tá na hora dos 300 mil alunos que estão ai para estudar mandarem a meia dúzia se calar senão vão levar uns tapas na orelha! Assim estamos no país, reféns de meia dúzia de palhaços desocupados. Até quando a gente vai suportar essa palhaçada?

COMENTARISTA 01
Mas nós fazemos isso… Eles não ganham nada aqui e não aceitam a decisão da maioria. Revoltados eles criam as próprias demandas em nome de todo mundo. É uma desgraça. E ainda tem a petulância de dizer que 99% da USP (se não mais) está errada e é burra. Isso eu não entendo. Qualquer coisa que não seja o espelho deles eles rejeitam imediatamente.

COMENTARISTA 01
Por exemplo existe um jornal chamado USP Livre que se diz anárquico… Mas na primeira oportunidade entrou com uma chapa pra concorrer ao DCE… estranho não é? A quem atende os interesses destes grupos? Da mesma forma existe um grupo de extrema direita, alias muito suspeito pois também tem ligações com o maldito SINTUSP. Muito suspeito!!! … Geralmente quem ganha as coisas é um pessoal mais neutro e realista, o que mostra que política como é hoje enche o saco de todo mundo e não está funcionando mais.

COMENTARISTA 03
Nós aqui de fora não sabemos nada disso! A imprensa não divulga, nem investiga. A única referência que eu tenho e que confirma o que **** está falando são as matérias do Reinaldo de Azevedo sobre o assunto. A opinião pública continua longe do verdadeiro problema da USP e das demais Universidades Brasileiras. É lamentável por que a USP é um patrimônio que, infelizmente essa cambada de desocupados está destruindo.