Esquerda-Direita a farsa por trás das palavras

Origem: http://www.culturamix.com/cultura/politica/o-que-e-partido-de-esquerda

Origem: http://www.culturamix.com/cultura/politica/o-que-e-partido-de-esquerda

Fonte: Olavo de Carvalho
Autor: Olavo de Carvalho
Disponível em: http://www.olavodecarvalho.org/semana/080519dc.html
Acesso: 08 ago 2015

Neste texto impecável do Professor Olavo de Carvalho, ele esclarece, entre outras coisas, 3 diferentes usos das expressões “direita” e “esquerda”. Revela a hipocrisia de quem durante décadas desviou a atenção do mundo para oque efetivamente estava acontecendo com a América Latina, que desde a ascensão do Foro de São Paulo, tem se tornado feudo da esquerda mundial.

Ler os textos do Professor Olavo sempre vai muito além da mera informação, é uma revitalização de nossa alma quando nos permitimos meditar sobre o texto e analisá-lo dialeticamente com a base das ideias e conceitos que defendemos e acreditamos.

Touraine, por qué no te callas?

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 19 de maio de 2008

Em recente entrevista à France-Presse, em Lima, o mundialmente célebre sociólogo francês Alain Touraine disse que “a América Latina caminha para a direita”. O argumento que ele apresentou para justificar uma afirmativa tão extravagante foi que “nenhum dos países da região fez reformas para reduzir a desigualdade”.

A ciência política nasceu quando Platão e Aristóteles distinguiram entre o discurso do agente político que quer produzir certos efeitos práticos e o discurso teorético do estudioso que quer apenas compreender a ação política. Decorridos dois mil e quatrocentos anos, ainda há quem se esforce para apagar essa distinção, de modo a que o olhar atento do filósofo não constitua obstáculo à ação política baseada na confusão e no erro. Hoje em dia esse esforço é premiado com honras acadêmicas e aplausos da mídia, constituindo mesmo tudo o que um cidadão precisa fazer para celebrizar-se como cientista político.

“Direita” e “esquerda” são termos que podem ser usados seja por um observador para descrever entidades políticas concretas, seja por essas mesmas entidades para definir-se a si próprias ou a seus adversários. Têm, portanto, três camadas básicas de significado. São, em primeiro lugar, nomes de grupos políticos atuantes, perfeitamente identificáveis. Em segundo lugar, nomeiam um conjunto de ideais e valores, reais ou fictícios, alegados para legitimar as ações desses grupos. Em terceiro lugar, e com emprego inverso, constituem o nome de vícios e crimes que cada um dos grupos imputa ao respectivo adversário. Só o primeiro desses três sentidos corresponde diretamente a uma realidade objetiva: os outros dois são expressões simbólicas de emoções e preferências subjetivas.

Deixar claro em qual desses três sentidos as expressões estão sendo usadas é um dever que incumbe até mesmo às pessoas empenhadas na pura ação política, quanto mais ao estudioso acadêmico. Confundir os significados é a obra dos demagogos e charlatães.

Na primeira das três acepções, “esquerda” é o nome das entidades que sustentam a política de Lula, no Brasil, de Hugo Chávez, na Venezuela, de Evo Morales, na Bolívia, etc. Na segunda acepção, representa o conjunto de pretextos ideológicos que legitimam essa sustentação, o mais veemente dos quais é a promessa de “reduzir as desigualdades”. Na terceira, expressa a auto-imagem desses grupos enquanto inimigos da “direita”, identificada, para fins de propaganda, como criadora e beneficiária da desigualdade.

Nos países latino-americanos presentemente governados pela esquerda, os partidos que ela denomina “de direita” — dos quais alguns se autodefinem como tal e outros não — encontram-se cada vez mais distanciados não só do poder como da mera possibilidade de alcançá-lo um dia, tal a força dos mecanismos repressivos e de controle, ostensivos ou sutis, que a esquerda dominante mobilizou contra eles.

Em segundo lugar, a esquerda latino-americana está organizada supranacionalmente, através do Foro de São Paulo e da sua bem azeitada rede de contatos, que lhe tem propiciado vitórias em cima de vitórias, enquanto os partidos de direita se limitam a reações locais e inconexas, incapazes de fazer face a uma estratégia continental unificada. Muitos desses partidos encontram-se tão debilitados que já temem ostentar o rótulo de direitistas e buscam adaptar-se ao esquerdismo triunfante por meio de toda sorte de concessões pusilânimes e mimetismos simiescos.

Mais ainda, as organizações de esquerda, apoiadas por fundações bilionárias, por organismos internacionais e pela grande mídia da Europa e dos EUA, tem hoje recursos financeiros com que nenhum partido de direita ousaria nem mesmo sonhar.

Por fim, o governo dos EUA, em vez de contrabalançar a situação ajudando os partidos latino-americanos de direita no seu próprio interesse, insiste na velha tática de buscar “conter a esquerda radical” por meio do apoio à “esquerda moderada”, ignorando solenemente a solidariedade profunda entre as duas esquerdas e ajudando a marginalizar e estrangular as poucas forças de direita e pró-americanas que possam restar no continente.

Nesse panorama, a coisa mais evidente é que a esquerda, como força concreta organizada, já domina a América Latina como nenhuma outra corrente política unificada jamais dominou antes, e que as perspectivas de afastá-la do poder são cada vez mais remotas e, a curto prazo, praticamente inexistentes.

Por outro lado, é um fato histórico inegável que a esquerda, justamente nos países que dominou da maneira mais completa e incontrastada, como a URSS, a China ou Cuba, não só fez pouco ou nada para reduzir as desigualdades, como realmente as aumentou. Tanto do ponto de vista político quanto do econômico, a distância entre os privilegiados e a massa popular aí cresceu a um ponto que o cidadão comum das democracias mal pode conceber, mas que se mede em números: jamais se morreu de fome, no mundo, como se morreu nessas nações governadas por nababos revolucionários. Em matéria de fome e miséria, nada, nos países capitalistas, ou mesmo na maior parte das colônias das antigas potências européias, se compara ao que se passou na Ucrânia em 1932-33 ou na China durante o “Grande Salto para a Frente”.

Definir a esquerda pela “luta contra a desigualdade” é defini-la pelo seu discurso de auto-exaltação ideológica exclusivamente, vendendo como realidade atual e concreta o que é somente um slogan publicitário e uma promessa jamais cumprida. Isso não é ciência, é vigarice intelectual. Vigarice tanto mais intolerável quando acoplada à fraude semântica complementar e inversa que, recusando à direita o privilégio conferido à esquerda, de autodefinir-se por seus ideais nominais, a define pelos males e pecados que a esquerda lhe imputa.

Mas fazer desse truque imoral o fundamento para o diagnóstico de uma situação política concreta, saltando da mera confusão proposital de conceitos à falsificação de um estado de fato, já é ir além da pura vigarice, é abdicar da condição de intelectual e rebaixar-se ao nível dos demagogos mais chinfrins e desprezíveis.

Além de camuflar o poder da esquerda sob o falso alarma de uma guinada à direita, desviando as atenções gerais de um desastre atual e presente para um perigo remoto e fictício, o prof. Touraine transforma em propaganda esquerdista aquilo que, pela sua substância fática, só poderia e deveria ser um ataque frontal à hipocrisia das organizações de esquerda, ao já proverbial cinismo com que, uma vez chegadas ao poder, elas só se ocupam em conquistar mais poder ainda, em vez de zelar pelo bem do povo que nelas confiou.

Não, o que define a esquerda, historicamente, não é a luta contra a desigualdade. É a luta pela concentração de poder político, sob o pretexto de combater a desigualdade. Foi isso o que se viu na Revolução Francesa, na Revolução Russa, na Revolução Chinesa, na Revolução Cubana e por toda parte onde a esquerda reinou sem ser atrapalhada pela presença da maldita direita. Mesmo nas nações democráticas, onde tem adversários a enfrentar, a esquerda busca sempre aumentar por todos os meios possíveis o poder da burocracia estatal. E, como a concentração do poder político concentra também necessariamente o poder econômico – motivo pelo qual os capitalistas monopolistas ajudam sempre a esquerda, não a direita –, a esquerda mundial deve ser definida estritamente, segundo a substância da sua realidade histórica, como a força política que há pelo menos dois séculos promove a desigualdade em nome da igualdade.

Nenhum cientista social, mesmo sem o prestígio do prof. Touraine, tem jamais o direito de tomar slogans como realidades, seja para favorecer o seu próprio grupo político, seja para denegrir o adversário.

16 de agosto – Porque eu vou

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Na verdade, minha decisão de aderir ao movimento pelo impeachment antecede em muito até mesmo a definição da data de 16 de agosto pelos movimentos de resistência ao governo “Vem Prá Rua”, “Revoltados On-Lin”e e “Movimento Brasil Livre”. Mas o artigo a seguir de Flávio Morgenstern, além de incentivar a participação no dia 16/08, foi a causa que me moveu a adquirir o livro do autor que está repleto de informações sobre esse assunto pouco divulgado que são os movimentos de massa. A matéria abaixo, é apenas um aperitivo, quando comparada ao livro, além de mostrar a diferença entre junho de 2013 e os movimentos que desde o final de 2014 se mobilizam pedindo o afastamento da atual Presidente da República, fornece informações valiosas sobre quem ganhou e quem perdeu nas manifestações de junho 2013. Uma leitura imprescindível, para quem quer entender os verdadeiros objetivos dos grandes movimentos de manifestação das massas do século XXI: “Occupy Wall Street“, “Primavera Árabe” e, não por coincidência, os movimentos de junho de 2013, instigado pelo Movimento Passe Livre e partidos da esquerda radical.

Fonte: Isnstituto Liberal
Autor: Flavio Morgenstern
Titulo: Qual a diferença entre 2013 e 2015?
Disponivel em:http://www.institutoliberal.org.br/blog/qual-a-diferenca-entre-2013-e-2015/
Acesso em: 06/08/15

(Não, a resposta não é 2.)

A pergunta que mais me fazem a respeito do meu livro, “Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs, as manifestações que tomaram as ruas do Brasil” , é sobre a diferença entre as manifestações de 2013 e as atuais, de 2015.

Não sendo um livro apenas sobre junho de 2013, black blocs ou qualquer dos temas acidentais que começaram em 2013, mas sobre política de massas, uma forma de fazer política que ascendeu com a modernidade (pelo menos desde a Revolução Francesa), as análises do livro surpreenderam algumas pessoas que ainda não entendiam 2013, e por que seus protestos parecem tão diferentes dos de 2015, mas sem conseguir explicar o motivo.

Como já afirmou Thomas Sowell, ninguém escreve um livro de 500 páginas sem estar indignado com alguma coisa. No meu caso, foram os palpites completamente desbaratados da realidade que pulularam sem parar em 2013 (“o povo nas ruas”, “a gota d’água para o brasileiro”, “uma nova democracia nas ruas” etc).

Os filósofos políticos do séc. XX trataram de movimentos de massa em diversos graus de profundidade, como os excelentes Ortega y Gasset, Eric Hoffer, Gustave Le Bon, Elias Canetti, Eric Voegelin, Hannah Arendt, Erik von Kuehnelt-Leddihn, G. K. Chesterton, Bertrand de Jouvenel, Ann Coulter, Kenneth Minogue (que morreu justamente em junho de 2013).

Do lado das opiniões maluco-beleza, temos também Rosa Luxemburgo, Sigmund Freud, Manuel Castells, Noam Chomsky, Slavoj Žižek, Jacques Lacan, István Mészáros, Bill Ayers, Marilena Chaui.

Até algumas pessoas muito bem informadas, mas com índoles discutibilíssimas, como Saul Alinsky (retirando-se o conspiracionismo) e Antonio Negri, mentor dos mentores do Fora do Eixo.

Bastaria aos jornalistas e “especialistas”, então, conhecer algum pensamento mais sólido e traduzir ao público leigo.

Infelizmente, as análises de movimentos de massa não foram citadas em quase lugar nenhum entre o palpitariado brasileiro, as classes falantes que moldam o imaginário coletivo e a interpretação da realidade, tentando atingir alguma verdade.

As manifestações de 2013 foram um movimento de massa. As de 2015 não são. Esta é uma das grandes teses do meu livro que explica a confusão da interpretação histórica contemporânea no país.

Com essa terminologia técnica, não se quer definir qualquer movimento público com muitas pessoas, mas apenas a massa aberta, genérica, abstrata, sem objetivos claros. Algo completamente diferente de 2015 com sua pauta: impeachment (ou impugnação) de Dilma Rousseff. As duas formas de fazer política são completamente diferentes, e com resultados históricos rigorosamente antagônicos.

2013 – 3Um movimento de massa foi o que começou em 2013 (e não só de junho de 2013: perdurou praticamente até antes do período eleitoral de 2014): cartazes, slogans, gritos genéricos, frases de efeito. Mas nenhum objetivo.

Pelo que as pessoas estavam nas ruas? Ninguém sabia. Era um protesto pelo protesto. Até os gritos de guerra diziam isso: “Vem pra rua” ou “O gigante acordou” referem-se apenas ao próprio protesto, não ao seu objetivo. Se parassem para conversar umas com as outras sobre o que pensam, seus valores, posições políticas, objetivos e métodos, provavelmente se esfaqueariam. Mas estavam lá, todas unidas a uma só voz, pelo poder do slogan genérico.

Podemos ver na Wikipedia a descrição da Revolução Russa de 1905, que depôs o tzar e daria ensejo para a futura Revolução de 1917: “A Revolução Russa de 1905 foi um movimento espontâneo, antigovernamental, que se espalhou por todo o Império Russo, aparentemente sem liderança, direção, controle ou objetivos muito precisos.” Sounds familiar?

O cenário é extremamente similar ao do Brasil de 2013. Não se pode, portanto, depositar apenas na conta do acaso que um movimento “quase” idêntico tenha começado 112 anos depois no Brasil justamente por movimentos e partidos trotskystas (PSOL, PSTU, PCO, PCB) – o mesmo Trotsky que cuidou da crise com o Encouraçado Potemkin no turbilhão da Revolução de 1905.

Qualquer pessoa, instintivamente, sabe que os protestos de 2013 foram completamente diferentes das Diretas Já, da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, do impeachment do Collor (e da Dilma), da Marcha da Maconha, das eternas greves fechando ruas no Brasil. Porque estes não são movimentos de massa (embora os dois últimos tenham tentado se tornar um, como explico no livro). São movimentos com pautas, embora também encham as ruas de gente.

O que ainda não é claro ao brasileiro, mesmo com tantas aulas de História dadas em sua maioria por trotskystas, é a forma como Trotsky preconizou e praticou política. Se parece algo ultrapassado e irrelevante para o dia presente, observe 2013.

Em nenhum momento de suas obras podemos flagrar Trotsky sugerindo distribuição de santinhos, panfletos e disputa de eleições livres. Seu método é a mobilização – o PT da década de 90 para trás era trotskysta, antes de ter a grande influência gramscista dada por Ênio Silveira e Carlos Nelson Coutinho. Seu método é a mobilização nas ruas, não a disputa eleitoral limpa (os partidos trotskystas representam, juntos, menos de 1% das intenções de voto, mas certamente mais de 99% dos sindicatos).

Um movimento de massa é criado com uma causa genérica, real ou irreal. O preço do pão na Revolução Francesa, a falta de liberdade religiosa na Rússia tzarista (que pioraria muito com a ascensão do bolchevismo), a derrota alemã na Primeira Guerra no nazismo, a ocidentalização na Revolução Iraniana, as propinas na Primavera Árabe, a “ganância” capitalista no Occupy Wall Street, os subsídios aos estudantes no Chile, o preço da passagem no Brasil.

Com a revolta inicial, cujo “motivo” é sempre abandonado dias depois, cria-se um confronto com a polícia, com vias a questionar a autoridade atual perante a população (mesmo pouco afeita ao “motivo” alegado). Por isso o confronto com a polícia é obrigatório e provocado.

A partir daí, entram mais pessoas, inclusive aquelas pouco interessadas em alguma causa correta ou artificial inicial. Com muita ou pouca afeição pelo pretexto introdutivo, passa-se a questionar a inteireza da autoridade atual, quase sempre exigindo-se soluções políticas para cada vez mais coisas – do preço das passagens à moral religiosa, de uma regulação econômica até a legitimidade de ter partidos políticos corruptos em disputa, quando um só, o do movimento de massa, pode ter todo o poder, garantindo que dará tudo “de graça” para o povo (mas com o próprio suor dos impostos do povo).

Não é uma peculiaridade do Brasil, portanto: todo movimento de massa segue o mesmo script pari passu.

Estas soluções políticas são diferentes de soluções econômicas. A política só funciona tirando o dinheiro de alguém. Soluções políticas que surgem em um movimento de massa, portanto, são sempre para aumentar o poder do Estado e concentrar poder em umas poucas mãos selecionadas a dedo (por mera coincidência, exatamente aquelas que criaram o movimento).

É o que acontece quando se pede, em abstrato, saúde, educação, transporte etc: tais serviços, exigidos de políticos como se fosse um grande golpe em seus bolsos, serão apenas geridos por políticos, ao invés de por pessoas normais. É o que trotskystas mais querem, sem a chatice de passar por eleições e divisão de poder.

Esse meio se torna ainda mais perverso hoje, pois os partidos que criam tais mobilizações se escondem através de seus “coletivos”. Quantas pessoas sabem que as bandeiras da UJS, que aparecem em todo protesto, são do PCdoB, as da ANEL, do PSTU, e as do “Juntos!”, do PSOL?

Claro é que a maior parte das pessoas que integram um movimento de massa nem sequer sabe o que está fazendo. Provavelmente a maioria dos participantes de junho de 2013 não queria um poder totalitário, não acreditava em propostas insanas como “passe livre” (algo que simplesmente sumiu dos cartazes tão logo mais pessoas foram para as ruas, além do Movimento Passe Livre), queriam o fim do PT e dos políticos corruptos.

Todavia, um cartaz pedindo liberdade em meio a um milhão pedindo Estado apenas faz peso a uma manifestação modelo Rússia de 1905.

Não à toa, todas essas pessoas têm um sentimento de “não deu certo” para 2013, enquanto o Movimento Passe Livre, os agitadores virtuais do Fora do Eixo e os políticos trotskystas que capitanearam o movimento sagraram-se como vencedores e conseguiram o que queriam (exceto a revolução).

Nada disso pode ser visto em 2015. De semelhança com 2013, apenas o sentimento que só existiu na segunda fase deste movimento: a insatisfação com os governantes e o partido no poder Executivo federal.

Os protestos atuais têm foco, objetivo, método: querem o impeachment da presidente e serão desfeitos tão logo logrem resultado.

São simples: apenas protestos de rua, feitos no domingo para não atrapalhar ninguém, reunindo milhões de pessoas que querem um impeachment constitucional da presidente com pior popularidade do país.

Nada de confrontos com a polícia, nada de revolução, nada de genérico e “traga sua pauta para fazer peso”, nada de otimismo cego com uma dominação completa do aparato estatal por uma nova mentalidade reivindicatória e dominadora, politizando toda a sociedade, nada de partidos políticos dominando toda a máquina estatal em caso de sucesso. Pelo contrário.

É uma análise razoavelmente simples, seguindo o modelo do common sense que marca a filosofia anglo-saxã. Apenas olhe para as coisas, ignore as descrições e os empolamentos acadêmicos verbosos usados no jornalismo e pelos “intelectuais”.

Infelizmente, tentar entender a história apenas por tais jornais só legou à memória recente nacional uma incompreensão recheada de torções palavrosas para justificar a própria incompreensão.

Não se compreende o atual momento do país sem entender isso – e suas ramificações no jornalismo, na Academia, no imaginário coletivo, no Judiciário etc etc. Por isso recomendo a todos que leiam meu livro, “Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs, as manifestações que tomaram as ruas do Brasil”.

E dessa vez, todos às ruas no dia 16 de agosto!

Como um desonrado pode avaliar se alguém possui honra ou não?

Obviamente, como dizia Araci de Almeida, Fernando Henrique Cardoso é “aquele a respeito do qual não resta a menor dúvida”. E ele sempre fez questão de deixar isso claro. Como pode o homem que durante todo o governo do PT foi bombardeado, caluniado e cujo exercício da presidência foi destituído por Lula de seus verdadeiros méritos, dizer ao mundo que Dilma “é honrada” e que Lula, por ser um “líder popular”, pode fazer o que quiser e não pode ser preso?